Boatos, fofocas e intrigas

Não te deixes impressionar pelo boato, e com a tua própria língua não calunies. (Eclo 5, 16)

Esse versículo bíblico, assim como tantos outros que encontramos, parece ter sido escrito para os dias de hoje, porém é bem certo que na atualidade o conselho, a advertência que ele nos traz é bastante ignorada pela grande maioria das pessoas, até mesmo aquelas de boa vontade, das inocentes que espalham um boato sem verificar sua autenticidade, sua origem, a lógica usada pelas pessoas mal intencionadas que a bolaram, e não reparam que fazendo isso estão assinando com seu próprio nome as meias verdades ou meias mentiras (são equivalentes) que reproduzem. Certa vez li uma notícia da morte de Francisco Cuoco, passada por um amigo que normalmente não se dá ao luxo de espalhar fofocas, e posto que confiei em seu discernimento da verdade, acabei passando tal e qual recebi para outros amigos. Logo em seguida liguei a tv e qual não foi meu espanto ao ver vivo e saltitando o pretenso morto !!! Que vergonha, heim! Aprendi a lição!

A Paciência de Deus

Não digas: "Pequei, e que de mal me aconteceu?", pois o Altíssimo é um retribuidor paciente.
(Eclo, 5, 4)

Muitas vezes pensamos no pecado como algo muitíssimo grave, um ato tão extremo que pela nossa auto complacência achamos impossível de cometer. Contudo pequenas coisas somadas acabam gerando grandes problemas. Basta irmos ao super-mercado e comprarmos somente o que precisamos e está em oferta, coisas de um ou dois reais cada e nos assustarmos quando o total da conta a pagar passar dos cem ou até mesmo duzentos reais! Assim são nossos pequenos deslizes, coisas que logo dizemos para nós mesmos: "Não foi nada! Deus perdoa!" Parte verdade, parte ilusão. Sim, verdade que Deus perdoa, mas ilusão que nosso ato não traz consequências! Meses atrás vi um pequeno molhado atrás de minha pia de cozinha e não chamei o encanador. Resultado: era um vazamento pequeno que com o tempo virou uma enorme infiltração que me fez gastar uma boa soma em dinheiro para reparar, fora os transtornos!

A Riqueza

Não te apoies em tuas riquezas e não digas: "Bastam-me os meus recursos!" (Eclo 5, 1)

Já tive a oportunidade de escrever que eu gosto muito de viajar, embora quando comecei minhas aventuras, ia muito para locais próximos da capital, pois tinha um casal de crianças pequenas que não suportavam longas viagens, e eu gostava de dirigir meu automóvel ouvindo minhas canções prediletas. Quando meus filhos chegaram à adolescência, passei a ir mais longe. Contudo o mais distante que me aventurei foi para o parque Beto Carrero World, em Santa Catarina.  Por ser a menor distância entre o Paraguai e o mar, os paraguaios mais bem de vida costumam frequentar as praias catarinenses. Certa vez na estrada vi um carro esporte, placas do Paraguai, daqueles de produção limitada e de altíssimo preço. O motorista me fez um sinal para parar e achei que quisesse alguma informação. Ocorre que seu combustível tinha acabado e me pediu que lhe "emprestasse" algum. E eu com um carro que valia umas 30 vezes menos que o dele pude lhe prestar ajuda. Assim é com nossa vida: confiamos que temos recursos mas um dia eles acabam e daí lembramos de pedir a Deus, que age por meio da bondade dos que O louvam.

Modéstia: falsa ou verdadeira?

Não retenhas a palavra no momento oportuno, nem escondas a sabedoria por respeito humano.... (Eclo 4,28)

Estava cursando o colegial e  procurava deixar um pouco para trás uma imagem de "Nerd" como hoje dizemos, ou de CDF como se dizia naquela época, a qual havia conquistado graças a uma grande timidez, falta de amor próprio, vergonha, compensada ainda pelas altas notas tão invejadas por todos os que iam mal nas matérias nas quais eu me saia muito bem. Uma dessas matérias era a matemática.
Fazia pouco tempo que tinha me enturmado com os "caras legais" da classe, e até mesmo estava sendo convidado para festinhas e bailinhos, tudo porque estava estudando inglês com música e por meio de um vizinho grande fã de rock and roll, tinha acesso a revistas com letras, acordes e traduções dos sucessos que estavam bombando, e esse era meu assunto predileto. Voltando à matemática houve uma aula no qual o professor propôs uma questão que logo resolvi, mas esperei que alguém mais se manifestasse em classe. Passados longos minutos ninguém sabia a resposta e aí todos olharam para mim como a dizer "responda logo!" E assim o fiz: ganhei uma caixa de bombons como presente e logo fui dividir com meus novos colegas "legais"...

A sabedoria educa

A Sabedoria inspira a vida a seus filhos e acolhe os que a procuram (Eclo 4, 12)

Meu espírito científico começou bem de pequeno, quando no pré-primário já gostava de ouvir as historinhas que tinham uma moral ao seu final. Muitas vezes não me lembrava direito dos detalhes mas a moral sempre ficava gravada em meus pensamentos. Mais tarde quando aprendi a ler procurava livros sobre como as coisas funcionavam, tanto que meus pais me deram naquela época uma enciclopédia de curiosidades. No ginásio, que hoje equivale à metade do curso fundamental, na matéria de Português, tinha como tarefa apresentar mensalmente o resumo de um livro da literatura brasileira. Meu primeiro trabalho foi resumir "O Poço do Visconde" obra de Monteiro Lobato que, de um modo divertido e crítico ao mesmo tempo, ensinava sobre a exploração de petróleo e a defendia no Brasil, tanto que o primeiro poço onde jorrou o "ouro preto" tem seu nome em sua homenagem. Curioso que todo esse interesse pela ciência sempre me aproximou de Deus e só tem aumentado minha fé naquele que criou e ordenou todas as coisas e seres no universo.

Esmola

Filho, não prives da esmola o pobre; não desvies do pobre os teus olhos. (Eclo 4,1)

Quando me casei, nos primeiros anos que não são além de uma lua de mel prolongada, gostava muito de passeios de finais de semana. Sempre que podia escolhia um lugar qualquer que pudesse ir num dia e voltar no máximo no dia seguinte, desde que também tivesse passagem de ônibus disponível. Um de meus destinos preferidos sempre foi o Rio de Janeiro, onde cheguei a passar diversos dias. Com o tempo vieram os filhos, o trabalho até em finais de semana e feriados prolongados, e meu retorno ao Rio foi sendo adiado por mais de 20 anos. Fui em uma excursão e em nosso dia livre eu e minha esposa resolvemos recordar bons momentos e pegamos um ônibus urbano de Copacabana para o Jardim Botânico. O trânsito obrigava o coletivo a parar várias vezes e por longos minutos. Numa dessas paradas um morador de rua bem sujo e maltrapilho se aproximou da janela do ônibus onde estávamos e pediu uma esmola. Infelizmente meu dinheiro só dava para pagar a passagem de volta e disse isso a ele, imaginando receber um xingamento. Ele nos olhos, sorriu e ainda nos abençoou: "Vai com Deus irmão!" ...

Humildade e Orgulho

Pois grande é o poder só de Deus, e pelos humildes ele é honrado. (Eclo 3, 21)

Ao longo de mais de quarto de século venho visitando famílias que se dispõem a nos receber como representantes da igreja, como amigos cristãos ou tão somente como coordenadores de um grupo que necessita se reunir a cada quinze dias para ler, meditar, discutir temas que serão logo em seguida a cada reunião, passados na linguagem pai e mãe para filho ou filha, formando assim a igreja família pois o próprio JESUS afirmou que onde um ou mais estivessem reunidos para receber sua palavra, ali estaria ELE próprio. Fato é que vivemos em uma sociedade desigual e por isso existem famílias para quem quase nada falta e outras para quem falta quase tudo. Via de regra encontramos uma imagem, um crucifixo num modesto cantinho das casas mais humildes, enquanto que no meio de caríssimas decorações dos de melhor posses é raro essa manifestação de fé. Sem generalizar, porem às vezes o que parece é que aqueles que muito têm aparentam não precisar de Deus, nem mesmo para agradecer.